sábado, 30 de julho de 2011

O mito e o Saci (Tapera Naevia) e Picuã (Piaya cayana)

Tapera naevia, foto de Renato Rizzaro, Reserva Rio das Furnas, novembro 2007

Nós conhecemos a figura do duende com carapuça vermelha e de uma perna só e a figura de uma ave, ambos chamados de Saci. O nome pertence a quem?

Saci - Tapera naevia. Também chamado Sem-Fim. Etym. h-ã (h-ang) cy = o que é mãe das almas (segundo relatos, chupa a alma dos defuntos). Para alguns, esse mito é onomatopaico. A superstição popular faz dessa ave uma espécie de demônio, que pratica malefícios pelas estradas enganando os viandantes com as notas de seu canto e fazendo-os perder o rumo.

Dentre os relatos do Saci-ave, aparecem várias espécies de pássaros com as mesmas características. Podem ser citados a Tapera naevia (Peitica / Sem-Fim - NE); o Cuculus cayanus (Mati-taperê ou Matinta-Perera).
Alguns dizem que a famosa Mati-taperê ou Matinta-Perera é a própria Tapera naevia que tem, no Amazonas, o pseudônimo de “Fem-Fem”, possivelmente o “Vem-Vem” do Nordeste.

A Marrequita de Brejo, ou Curutié (Sinallaxis cinnamomea) é outro Saci. O “Alma de Caboclo” (Diplopterus naevius) é dado como sendo o Saci. É o mesmo Piaya cayana, de Linneu que, ensina Snethagle, tem mais três sinônimos: o Xicoã, a “Alma de Gato” e o Ating-aí. É ainda o Cuculus cornutus, o Ticoã ou Tincoâ, Pássaro-feiticeiro, Pássaro-pajé, Uira-pajé. Guarda ele o espírito dos mortos, “chupa a alma dos defuntos”.

O Saci, como pássaro, estende seus feitos desde a Argentina até o México.

Um filhote de Piaya caiana, foto feita na Reserva Rio das Furnas, Renato Rizzaro

Localizar o Saci num pássaro é tão difícil quanto a identificação do uirapuru, a ave suprema do Amazonas, cheia de mistérios, reunindo ao redor de si todos os pássaros seduzidos pelo seu canto irresistível.
O que dizem os ornitologistas é a facilidade do Saci enganar pelo canto. Nunca se sabe onde realmente ele esteja. Seu assobio é antes um elemento desnorteante que de direção segura.

Saci - casta de pequena coruja que deve o nome ao grito que faz ouvir repetidamente durante a noite. É pássaro agourante. Contam que é a alma de um pajé que, não satisfeito em fazer mal neste mundo, se transmutou para coruja e, à noite, agoura os que lhe caem em desagrado, anunciando desgraças a quantos o ouvem. O nome de Saci é espalhado do Amazonas ao Rio Grande do Sul. O mito, porém, já não é o mesmo.
No Rio Grande é um menino de uma perna só que se diverte em atormentar à noite os viajantes, procurando fazer com que percam o caminho.
Em São Paulo é um negrinho que traz um boné vermelho na cabeça e freqüenta os brejos, divertindo-se em fazer aos cavaleiros que por aí andam toda a sorte de diabruras, até que, reconhecendo-o, o cavaleiro não o enxota, chamando-o pelo nome. Então ele foge, dando uma grande gargalhada.



Fonte: Sociedade dos Observadores de Saci

8 comentários:

Anônimo disse...

aqui onde moro ele é conhecido como defunto fresco, nunca consegui ver um de perto.

Anônimo disse...

Sempre o ouço cantar.. meus pais e avós o chamam de Sem fim, reza a lenda que ele passa seis meses no nosso mundo e seis meses no além.

Unknown disse...

Apois eu vi esse passarinho hj tenho até foto e vídeo dele

Unknown disse...

Esse passarinho tá cantando aqui agora

Anônimo disse...

O canto desse pássaro me faz lembrar da minha infância no subúrbio de Salvador!!

Anônimo disse...

Minha mãe me contava que esse pássaro era um velhinho que morreu de dor de dente ele falava que dor de dente sem fim quando morreu se transformou em um pássaro e canta sem fim sem fim

Anônimo disse...

Essa semana ouvi um aqui em casa
Por uns 3 dias ele cantando encarreado.

Anônimo disse...

Minha mãe chegou em casa e tinha um preso na gaiola ele entrou sozinho e anoite bateram na porta dela ela olhou da janela e não tinha ninguém