terça-feira, 5 de julho de 2011
Festa no céu
Uma grande festa no céu foi anunciada aos animais. Para desencanto de muitos, só foram convidadas as aves, por possuírem asas e lá poder chegar. Ao saber da festa, o sapo Cururu não se conformava em não ter sido convidado. Mesmo sabendo da impossibilidade de ir ao céu, espalhou por toda a mata que também tinha sido convidado, fazendo com que os outros animais dele risse e escarnasse.
Cururu passava os dias na lagoa, a rebater o escárnio, mantendo sempre a convicção de que iria à festa no céu. Foi quando um dia, o Urubu foi lavar os pés na lagoa. Cururu sabia que ele era o violeiro que tocava nas festas dos bichos, e, como voava, com certeza iria tocar na festa do céu.
-Hoje é o dia da festa no céu. – Falou o Urubu ao sapo, trazendo a viola nas costas. – Venho lavar os meus pés e seguir para lá. Soube que foste convidado.
-É verdade, mais tarde lá estarei e poderei ouvir-te tocar! Quero dançar a noite toda, até que nasça o sol.
O Urubu não se preocupou com Cururu, lavou os pés, bebeu água, sacudiu as penas, sem que se apercebesse que o astuto sapo entrara em sua viola, lá permanecendo silencioso. Ao terminar a sua higiene, o Urubu pegou a viola e voou para o céu, distanciando-se cada vez mais da terra, até que chegou à tão esperada festa.
Foi em um momento de distração do Urubu, que o sapo Cururu saiu de dentro da viola, surpreendendo a todas as aves com a sua presença. O Urubu tocou durante toda a noite, afirmando a sua fama de violeiro dos bichos. Cururu dançou, cantou e comeu todas as delícias da festa. Era a primeira vez que um bicho que não tinha asas participava de uma festa no céu.
Momentos antes de a festa terminar, já o sol nascia, e Cururu voltou para dentro da viola do Urubu, onde permaneceu quieto, refestelado e pronto para voltar à lagoa. O Urubu despediu-se de todos, e de viola nas costas, pôs-se de volta à terra. Como Cururu tinha comido muito, o seu peso aumentara drasticamente, fazendo com que a viola pesasse mais ao Urubu. Desconfiada, a ave sacudiu a viola e viu que dentro dela estava o sapo.
-Mas que grande trafulha e malandro este sapo. Dar-te-ei uma lição, que não me logrará uma outra vez.
Assim dizendo, o Urubu atirou Cururu no ar. O pobre sapo assustado, viu passar diante dos seus olhos a imensidão do vácuo, caindo de costas sobre as pedras. A pancada foi tão forte que ficou marcada para sempre nas costas de Cururu, fazendo marcas que cicatrizaram em forma de desenhos. Desde então, todos os sapos trazem desenhos nas costas, como testemunho de que um dia Cururu foi à festa no céu.
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