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Tapera naevia, foto de Renato Rizzaro, Reserva Rio das Furnas, novembro 2007 |
Saci - Tapera naevia. Também chamado Sem-Fim. Etym. h-ã (h-ang) cy = o que é mãe das almas (segundo relatos, chupa a alma dos defuntos). Para alguns, esse mito é onomatopaico. A superstição popular faz dessa ave uma espécie de demônio, que pratica malefícios pelas estradas enganando os viandantes com as notas de seu canto e fazendo-os perder o rumo.
Dentre os relatos do Saci-ave, aparecem várias espécies de pássaros com as mesmas características. Podem ser citados a Tapera naevia (Peitica / Sem-Fim - NE); o Cuculus cayanus (Mati-taperê ou Matinta-Perera).
Alguns dizem que a famosa Mati-taperê ou Matinta-Perera é a própria Tapera naevia que tem, no Amazonas, o pseudônimo de “Fem-Fem”, possivelmente o “Vem-Vem” do Nordeste.
A Marrequita de Brejo, ou Curutié (Sinallaxis cinnamomea) é outro Saci. O “Alma de Caboclo” (Diplopterus naevius) é dado como sendo o Saci. É o mesmo Piaya cayana, de Linneu que, ensina Snethagle, tem mais três sinônimos: o Xicoã, a “Alma de Gato” e o Ating-aí. É ainda o Cuculus cornutus, o Ticoã ou Tincoâ, Pássaro-feiticeiro, Pássaro-pajé, Uira-pajé. Guarda ele o espírito dos mortos, “chupa a alma dos defuntos”.
O Saci, como pássaro, estende seus feitos desde a Argentina até o México.
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Um filhote de Piaya caiana, foto feita na Reserva Rio das Furnas, Renato Rizzaro |
Localizar o Saci num pássaro é tão difícil quanto a identificação do uirapuru, a ave suprema do Amazonas, cheia de mistérios, reunindo ao redor de si todos os pássaros seduzidos pelo seu canto irresistível.
O que dizem os ornitologistas é a facilidade do Saci enganar pelo canto. Nunca se sabe onde realmente ele esteja. Seu assobio é antes um elemento desnorteante que de direção segura.
Saci - casta de pequena coruja que deve o nome ao grito que faz ouvir repetidamente durante a noite. É pássaro agourante. Contam que é a alma de um pajé que, não satisfeito em fazer mal neste mundo, se transmutou para coruja e, à noite, agoura os que lhe caem em desagrado, anunciando desgraças a quantos o ouvem. O nome de Saci é espalhado do Amazonas ao Rio Grande do Sul. O mito, porém, já não é o mesmo.
No Rio Grande é um menino de uma perna só que se diverte em atormentar à noite os viajantes, procurando fazer com que percam o caminho.
Em São Paulo é um negrinho que traz um boné vermelho na cabeça e freqüenta os brejos, divertindo-se em fazer aos cavaleiros que por aí andam toda a sorte de diabruras, até que, reconhecendo-o, o cavaleiro não o enxota, chamando-o pelo nome. Então ele foge, dando uma grande gargalhada.

Fonte: Sociedade dos Observadores de Saci