A Toyoca do Cacique
Esta História começa em 2001, na Reserva Rio das Furnas e segue com a publicação do primeiro volume do poster das Aves da Floresta Atlântica, no início de 2010.
Partiu da transformação da Toyota Bandeirante em uma casinha para explorar o Pantanal em 2011, a Amazônia em 2012, o Pampa em 2013, o Cerrado em 2014, a Caatinga em 2015 e para cada bioma criar poster, caixa de fotografias e fazer muitas Rodas de Passarinho, com a ideia de aproximar criança e passarinho.
Durante a Expedição Amazônia a Toyota virou Toyoca, batizada pelo Cacique Paiter Surui. Para ele morávamos numa “oca de ferro” que precisava consertar. Tinha muito buraco!
Mesmo depois da recomendação do pequeno Cacique, a Toyoca continuou remendada com fibra de vidro, silicone e silvertape até o final de 2017, quando foi desmontada até o último parafuso. No seu miolo tinha desde argila da Reserva à poeira da Caatinga. Após dois meses de estaleiro, em janeiro de 2018, saiu tinindo, aclamada nas ruas e recebendo propostas indecentes nos postos de combustível. Estava prontinha para a próxima expedição.
No primeiro semestre de 2018 juntamos grana e no final do ano fomos parar em Barra do Una em busca de uma aldeia perdida no meio das montanhas, lembrança dos anos 70. Redescobrimos um lugar sagrado Guarani e muito mais sobre essa etnia que segue com seus ideais mesmo sob pressão religiosa e imobiliária, em busca da Terra Sem Males um tanto mais acima, em Porto Seguro, na Bahia. Em êxtase, rumamos para Itatiaia e em Caparaó atingimos um dos cumes do Brasil.
Iniciamos 2019 com o segundo volume do poster da Floresta Atlântica e juntamos os dois volumes desse bioma num belo Guia de Bolso. Assim, fechávamos um ciclo com uma bela coleção de sete posters mais uma porção de guias de bolso editados para parques, unidades de conservação, biomas, projetos, regiões e cidades. As aves estavam sendo espalhadas como num sonho. Estava na hora das Aves Costeiras.
O Cacique Paiter Surui pilotando a Toyoca |
Marcelo teve peito de pegar a Toyoca em Águas Mornas, SC |
Tinindo, na Reserva ganhou móveis e virou casinha |
Na Aldeia Guarani, Barra do Una, com Cleyton, Cláudio, Circo e a criançada |
O Vale Sagrado dos Guarani onde havia uma aldeia nos anos 70 |
Iluminados pela Lua Cheia do Caparaó, ao pé do Pico da Bandeira |
Tralhas à postos e a primeira parada no Pontal do Paraná |
Num trecho do litoral do Paraná a Floresta Atlântica tal e qual à época da invasão européia |
O Brasil de Costas
Desvios e surpresas numa expedição de 120 dias e 14 mil quilômetros acontecem; porém, até então, nunca uma viagem tinha sido tão redonda, interrompida quando o limpador de para-brisa pifou no meio de uma tempestade, na Dutra. Seria um aviso? Seguimos com uma cantoria exagerada da correia que se esticou até Mossoró, quando a carcaça do alternador partiu na mão do Mecânico. Já pensou se tivesse partido no meio da estrada e com o motor a milhão? Cruz credo! Consertado na hora certa, ainda tem que dar uma mexidinha nos fios, debaixo do painel, para que tudo funcione até hoje.Saímos de Santa Catarina no primeiro dia de setembro e o Parque Nacional do Cabo Orange seria o derradeiro da Expedição. A primeira parada aconteceu no Pontal do Paraná, onde conhecemos o Projeto Mar Brasil e Frederico Brandini, através de um livro de crônicas dedicado ao jornalista Marcos Sá Corrêa que ganhamos de presente. Assim, começava a descoberta da Costa Brasileira.
Nestas costas deslumbrantes com quase 8500 km, que Brandini nos leva: “com praias arenosas, costões rochosos, lagoas costeiras, manguezais, recifes de algas calcárias e corais, estuários de pequeno e grande porte, ilhas oceânicas e o único atol do Atlântico Sul, o Atol das Rocas. A diversidade de paisagens e de comunidades biológicas é uma das maiores do mundo e suporta grande parte da socioeconomia costeira. Cerca de 70% da população brasileira vive perto do mar. (...) A total falta de reconhecimento por parte de quase todas as esferas da administração pública, dos políticos, empresários e educadores sobre a importância do mar para a sociedade brasileira ameaça a integridade física e biológica dos ecossistemas marinhos”.
Seguimos em frente conscientes de que nada seria como antes, até porque o gigantesco derramamento de óleo estava à caminho e pegou a gente em Alagoas.
De Pontal do Paraná fomos direto a Paraty, onde nos esperava Sylvia Junghähnel para uma Roda de Passarinho. Subimos a Serra dos Órgãos, passamos dias encantadores em Petrópolis e no Pico Caledônia com Rafaella e João Quental.
Nesta Expedição Costa Brasileira pulamos alguns Estados: o Rio Grande do Sul, por ter sido feito durante a Expedição ao Pampa; Santa Catarina por ser nossa casa e termos explorado com frequencia; São Paulo pela Expedição Una/Caparaó e o Rio Grande do Norte por termos sido convidados por Midori/UFRN para a Roda de Passarinho em 2014. Como já estavam registrados, dedicamos mais tempo para os intocados.
Flamingo-andino na Lagoa do Peixe, RS, durante a Expedição ao Pampa |
Laguna, SC, tem a pesca do Boto e muitas aves costeiras |
Em Naufragados, Ilha de Santa Catarina, entre pinguins, fragatas e gaivotas |
A Costa brasileira é muito mais do que mar. Restinga (loteada) na Ilha Comprida, SP |
Em Paraty subimos a Serra para ver o Entufado na Oca Paraty |
Formigueiro-de-cabeça-negra em Angra dos Reis, RJ com Carlos Blanco |
Falésias do Rio Grande do Norte, explorada com Midori durante a Roda de Passarinho de Natal |
A Roda de Passarinho e o Cine.Ema
Pousamos no sítio de Leopoldo (Poldinho), vizinho da Reserva Águia Branca, onde a Saíra-apunhalada - ave extremamente ameaçada de extinção - poderia ser encontrada. Por alguns dias subimos e descemos ribanceiras atrás de um sinal, mas não deu um pio e ficamos na saudade.Estacionamos a Toyoca ao lado do container que o Poldinho usa como base para seu sítio e cozinhamos num fogão criado por seu pai. Uma lata de tinta redonda e grande o suficiente para ter paredes de concreto refratário com um furo no meio, onde alimenta-se o fogo com gravetos e depois com alguma lenha picada. Aquece pacas e, de quebra, defuma tudo e todos em volta. Foi bom demais desopilar no meio do mato antes de chegar ao Festival de Cinema.
Encontramos com Tânia Caju e Léo Alves, idealizadores do Cine.Ema, na estrada e chegamos em grande estilo à Vargem Alta, no interior do Espírito Santo, com a Roda de Passarinho.
“A Pedra da Ema é conhecida nacionalmente e é uma das referências naturais do município de Cachoeiro de Itapemirim, localizada no distrito de Burarama. O que encanta na pedra é uma saliência que, de acordo com a posição do sol, forma a figura perfeita de uma Ema. Pode se chegar ao local por estrada asfaltada, com direito a muito verde.
O Cine.ema é um festival de cinema ambiental criado no Espírito Santo pensado para ser realizado neste distrito e envolvendo a cultura e a riqueza ecológica da região, valorizando também o turismo cultural já que este é hoje uma realidade para muitos municípios que buscam desenvolver-se de forma sustentável e agregar mais valor à sua cidade. O Cine.Ema foi realizado pela primeira vez em julho de 2015”.
Parada roots no sítio do Poldinho, Vargem Alta, ES |
Hora da audição da Roda de Passarinho no Cine.Ema |
Encontro com a equipe do Cine.Ema na chegada ao Festival |
Guia e Poster das Aves Costeiras
Passamos os três primeiros meses de 2020 escolhendo, tratando e recortando fotos; estudando cores de fundo até chegar ao azul de Iemanjá; desenhando e trocando ideias com Guias, Ornitólogos e fotógrafos para finalmente apresentar o Guia e o Poster das Aves Costeiras.Provas de prelo foram analisadas com carinho e precisão; mínimos acertos foram revisados trocentas vezes por nossos parceiros e enviados para a gráfica. Agorinha, neste mesmo instante, chegaram os impressos e estão prontinhos para serem enviados para todo mundo curtir as maravilhas aladas da Costa Brasileira!
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Detalhe do Poster das Aves Costeiras |
Outro detalhe do Poster das Aves Costeiras |
O Guia de Bolso das Aves Costeiras com sua bela capa |
Foram acrescentadas algumas espécies além das que estão no Poster |
Detalhe do Guia das Aves Costeiras |
Ficha Técnica
Realização: Roda de Passarinho
Fotos, Redação, Design: Renato Rizzaro
Pesquisa e Revisão: Gabriela Giovanka
Orientação e Revisão Científica: Vítor de Q. Piacentini e Onofre Monteiro/Aquasis
Fotógrafos convidados: Alejandro Olmos, Bruno Kadletz, Carlos Blanco, Cecília Licarião,
Danielle Bellagamba, João Quental e Marina Somenzari
Danielle Bellagamba, João Quental e Marina Somenzari
Fontes: Helmut Sick, CBRO, HBW
Agradecimentos
Adriana Mendes, Nova Friburgo, RJ
Aldeia Karipuna, Oiapoque, AM
Aldeia Pataxó, Porto Seguro, BA
Anna Andrade, Ilha de Deus, Olinda, PE
Antonella Tassinari, São Paulo, SP
Bárbara, Leonor e família, Itaparica, BA
Caio Brito, Brazil Birding, Fortaleza, CE
Carlos Eduardo Blanco, Angra dos Reis, RJ
Cecília Licarião, Fernando de Noronha
Ceiça, Camping Serra da Capivara, PI
Claudia Guadagnin, OJC, PR
Cláudia Schembri, Santo André, BA
Cláudio Lopo, Itacaré, BA
Cristina Rappa, São Paulo, SP
Daia & Jola, Península de Maraú, BA
Daniel Cywinski, Paraty, RJ
Daniela e Alice Marreiros, Serra Capivara, PI
Débora Reis, Itaparica, BA
Dona Ciça, Instituto Pierre Verger, Salvador, BA
Douglas PT & Maiara, Belém, PA
Dra. France, Belém, PA
Edgar Fernandez, Instituto Guaju, PR
Elair, Mar Brasil, Pontal do Paraná, PR
Eleildes do Rosário, Quilombo Jatimane, BA
Equipe ICMBio Maricá-Jipioca, Amapá, AP
Filipe Ventura, Quilombo Monte Alegre, ES
Frederico Brandini, São Paulo, SP
Girlan Dias, ICMBio, MA
Gislaine Disconzi, Alto Paraíso, GO
Heleno dos Santos, ICMBio, Cajueiro da Praia, PI
Ico, Polyanna & família, Seridó, RN e J. Pessoa, PB
Iranildo S. Coutinho, Maricá-Jipioca, Amapá, AP
Jamile Nobre e família, Ilha de Itaparica, BA
João Velho, Icapuí, CE
Jorge Cuesta, Belém, PA
Jorge Velloso, Instituto Água Boa, Ituberá, BA
José Luiz S. Barata (Seu Zé), Maracá-Jipioca, AP
Josimar de Oliveira, São José do Seridó, RN
Katja Hölldampf, Belém, PA
Léa Penteado, Santo André, BA
Leck Marinho, ICMBio Maracá-Jipioca, AP
Léo Alves, Caju Produções, Vitória, ES
Leopoldo Pivovar Plotécya, Vargem Alta, ES
Mãe Beth de Oxum & família, Olinda, PE
Mahalo Camping, Icapuí, CE
Marcelo C. Sousa, Sergipe
Marcos Peralta e família, Oca Paraty, PR
Maria das Dores, Quilombo Jatimane, BA
Marisa & Márcio, Península de Maraú, BA
Marta Tochie Bastos, Península de Maraú, BA
Mary Jane, ICMBio São Luis, MA
Mizael, ICMBio Maracá-Jipioca, AP
Mônica Nunes, Conexão Planeta, São Paulo, SP
Muriel Noel, Santo André, BA
Nívia, Instituto Oyá, Salvador, BA
Onofre, Aquasis, CE
Osmar Borges, ICMBio, Parna Boa Nova, BA
Paulo Silvestro, ICMBio, Macapá, AP
Pedrina B. Rosário, Quilombo Jatimane, BA
Priscilla Gomes, Veracel, Porto Seguro, BA
Rafael Buda, Olinda, PE
Rafaella e João Quental, Rio de Janeiro, RJ
Rafinha & Julia, Ilha de Santa Catarina, SC
Renata Meireles, Território do Brincar, SP
Ricardo Mendes, Belo Horizonte, MG
Ricardo M. Pires, ICMBio, Cabo Orange, AP
Ritinha, Neojibá, Salvador, BA
Roberto Kobayashi, Icapuí, CE
Rogério Funo, ICMBio São Luis, MA
Salomé França, Ilha de Itaparica, BA
Samarone, Itabaiana, SE
Sylvia Junghähnel, Parati, RJ
SPVS, Curitiba, PR
Tania Caju & Equipe, Vitória, ES
Tatjiana Lorenz, Goethe Institut, SP
Thiago Toledo, Fortaleza, CE
Tise, SPVS, Curitiba, PR
Vítor Piacentini, Cuiabá, MT
Zaba Moreau, São Paulo, SP